DIAS, Eduardo. 1872 – 1945. Pintor, escultor, restaurador e muralista. Nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis/SC, no dia 19 de fevereiro de 1872, filho de Francisco Dias de Oliveira e Maria Cristina de Oliveira. Frequentou apenas o curso primário, em escola pública. Após terminar o curso, ingressou como aprendiz de sapateiro, e para sobreviver, muitas vezes foi caiador de paredes. Abandonando a profissão de sapateiro, dedicou-se ao desenho e à pintura, tendo também se dedicado a moldar barro e gesso. Casou com Maria Covasolli e teve sete filhos: Antônio, Francisco, Pedro, Amália, Izaura, América e Antonieta. Iniciou sua formação artística com Manoel Francisco das Oliveiras, mais conhecido como Maneca Margarida (v). Pintor: paisagens do Desterro, sempre procurando motivos da cultura açoriana. Responsável pela pintura do teto da igreja Nossa Senhora do Rosário. Cenas bíblicas e Vias Sacras das Igrejas Nossa Senhora do Parto e do Saco dos Limões, esta última atualmente no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, Brusque SC. Apenas duas exposições individuais ficaram registradas: em 1916 no Hall do Teatro Álvaro de Carvalho e, em 1919, no Salão Beck, antigo Café Rio Branco, ambas em Fpolis. Em 1918, amigos e admiradores de sua arte promoveram no Teatro Álvaro de Carvalho um festival em sua homenagem, instituído pela Comissão de Festejos do Jubileu de Rui Barbosa, recebendo de José Boiteux, então Secretário do Interior e Justiça, Medalha de Ouro. Desenho: fez muitos retratos de personalidades catarinenses como: Cônego Elói Medeiros, José Boiteux, José Veiga, Paula Ramos, Hercílio Luz, Cruz e Sousa, Oswaldo Cruz, Rui Barbosa, entre outros. Escultor: relevos em fachadas de edifícios públicos como o conjunto do antigo Asilo de Órfãs, hoje sede do IPUF, representando São Francisco de Paula acariciando duas crianças. Executou figuras ornamentais nos carros alegóricos de carnavais de rua, por ser muito ligado aos músicos de seu tempo. Muralista: decorou paredes internas de residências com frutos e pássaros. Restaurador: responsável pela restauração das pinturas da Igreja Ortodoxa do Desterro; dos quadros que compõem a Via Sacra das Igrejas do Menino Deus e Nosso Senhor dos Passos; das imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora de Lourdes, pertencentes à Catedral Metropolitana de Fpolis. Pintou também imagens de santos como São Sebastião, Nossa Senhora dos Navegantes e Batismo de Cristo, as duas últimas pertencentes ao acervo do MASC. Várias vistas da antiga Desterro, como a Vista do Morro da Cruz, Ponte Hercílio Luz, a vista do Hospital de Caridade, também pertencentes ao acervo do MASC. Cenógrafo: executou cenários para operetas e revistas musicais de autores catarinenses: Casa dos Brinquedos e Jardim Maravilhoso, de Clementino Brito; Ouro sobre Azul, de Odilon Fernandes, entre outros. Por duas vezes seu nome esteve ligado a casos políticos: o então governador Hercílio Luz propôs uma bolsa do Governo para que ele pudesse estudar na Academia de Belas Artes, Rio. 1896: a proposta foi enviada à Assembleia Legislativa, mas não foi aceita pelo Partido Oposicionista, gerando controvérsia sobre seus reais motivos. O fato é que o próprio artista declinou o convite para não se afastar da Ilha, como também não aceitou o convite de Ângelo Galliani para se transferir para Porto Alegre, com grande recompensa financeira. Tempos depois, a pedido do jornalista Jaú Guedes da Fonseca e de Antônio Vieira Machado, o Interventor Federal Nereu Ramos nomeou Eduardo Dias investigador policial para que o artista saísse do estado de miséria em que vivia. Depois de longa vida de lutas e sacrifícios, faleceu no dia 27 de outubro de 1945, na cidade de Florianópolis. Em 1948, Martinho de Haro apresentou um quadro de Eduardo Dias na exposição realizada na Escola Básica Antonieta de Barros, quando da vinda para Florianópolis da Exposição de Arte Contemporânea, que foi ponto de partida para a criação do MAMF, atual MASC. 1974: obras suas na Exposição Artistas Primitivos de Santa Catarina, MASC. 1979: no MASC, prédio da antiga Alfândega, foi criada pelo então Diretor Aldo Nunes, a Sala Eduardo Dias; Exposição Homenagem Memorial Eduardo Dias na Galeria de Arte do Palácio Barriga Verde, Fpolis. 1985: criado no MASC o Espaço Eduardo Dias. 1987: Grande Exposição Eduardo Dias, Resgate de um Artista. Constaram da exposição 9 obras do acervo do MASC, 41 de colecionadores e catálogo ilustrado. 2004: Col. A pintura segundo a sequência do alfabeto, acervo do MASC. Artista representado no acervo do MASC. BORTOLIN, Nancy Therezinha. Indicador Catarinense de Artes Plásticas. 2.ed.rev ampl. . Itajaí: Ed. UNIVALI; Florianópolis: Ed. UFSC, FCC, 2001.